Vamos falar sobre nosso consumo de moda?
Você já parou para pensar no impacto desse universo mágico da moda, que tanto nos seduz? Nesse post vamos falar sobre isso.
E convidamos a Júlia Codogno, que é especialista em comunicação de moda e sustentabilidade, para nos ajudar a entender o contexto.
Acompanhe a seguir e veja sua importância:
Impacto da moda no mundo
A indústria da moda é uma das mais relevantes do mundo. Isso quando falamos sobre faturamento e geração de empregos.
Segundo o relatório The State of Fashion, realizado pela consultoria McKinsey & Company, em parceria com o Business of Fashion, o setor apontou um faturamento de US$ 2,5 trilhões em receitas anuais globais – antes da pandemia.
A moda também é responsável por empregar algo em torno de 75 milhões de pessoas no mundo todo. Sendo 80% mulheres entre 18 e 24 anos. Os dados são do relatório da ONG Remak.
De acordo com uma matéria publicada no site BOF (Business of Fashion), chegamos a uma produção anual de aproximadamente, 114 bilhões de novas peças de roupas. Dado que pode ser ainda maior, como citado pela Global Fashion Agenda, em que o montante passou para algo em torno de 140 bilhões de peças.
Situação do setor de moda no Brasil
No Brasil, o segmento têxtil também ganha destaque. É o segundo que mais emprega, o segundo maior gerador do primeiro emprego e detentor de um faturamento de US$ 48,3 bilhões em 2017.
No mesmo ano, foram produzidas cerca de: 8,9 bilhões de peças. Incluindo vestuário, meias e acessórios e os setores de cama, mesa e banho. Os dados foram levantados pela ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).
Diante de números tão expressivos, não é difícil imaginar que estamos lidando com uma potência do mercado. Mas como fica nosso consumo em meio a tudo isso?
O consumo de moda
Algumas pesquisas apontam que chegamos a produzir algo em torno de até 100 novas coleções a cada ano. E, segundo uma reportagem do jornal The Guardian, graças a essa alta produção e rotatividade, estamos fazendo pouco uso do que adquirimos. A matéria destaca que utilizamos nossas roupas, em média, alguns poucos 6 meses e logo depois as descartamos.
A maneira como criamos, produzimos, utilizamos e descartamos nossos produtos se tornou altamente depreciativa. Num processo rápido, pouco responsável e capaz de desencadear impactos altamente nocivos à saúde do planeta.
O que precisamos fazer para maior sustentabilidade?
Tendo uma alta quantidade de produtos sendo criada anualmente, é necessário que mais recursos naturais sejam comprometidos, etapas sejam “enforcadas” e processos sejam corrompidos.
Para que a moda rápida como conhecemos aconteça, não é incomum que ciclos como cultivo e produção de matéria-prima, beneficiamentos têxteis e mão de obra sejam os mais afetados.
Tendo pouco ou nenhum critério quanto a utilização de recursos, má gestão de insumos, manejo e descarte e a constante exploração de pessoas condicionadas a vulnerabilidade e trabalho análogo à escravidão isso piora.
Nossa relação se tornou superficial, negligente e rápida demais. Logo, os desafios passam por:
Compreender a cultura de hoje
Como compartilhado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, vivemos os tempos da modernidade líquida. Onde tudo é frágil e pouco aprofundado.
Reduzir o consumo descartável
Precisamos ser parte da revolução que tanto queremos. Reduzindo nosso consumo, prolongando o tempo de vida do que temos, fazendo escolhas mais conscientes, apoiando marcas e projetos com práticas mais responsáveis e capazes de gerar impacto positivo, podemos reverter a situação.
Investir em conscientização
Para seguirmos essa reflexão, gostaríamos de indicar um documentário que pode ser parte importante da construção crítica para a transformação desse cenário.
É o The True Cost, com direção de Andrew Morgan.
O documentário traz um recorte sobre como, onde e por quem nossas peças são produzidas. Ele destaca um grave acidente, envolvendo um desses locais, onde mais de 1000 pessoas perderam suas vidas e mais de 2000 ficaram gravemente feridas.
Fonte: The State of Fashion | Business of Fashion | Global Fashion Agenda | Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção | ONG Remak | The Guardian Imagem: *deixo em aberto para sua escolha.
Júlia Codogno é professora e comunicadora de moda e sustentabilidade. Escreve sobre o tema e disponibiliza mentorias de comunicação para marcas e negócios de impacto positivo.
Você pode saber mais em juliacdogno.com